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Você quer ser um líder de igreja?

John M. Fowler

Você quer ser um líder de igreja? Atente para algumas qualidades espirituais e definidoras que o livro de Atos relaciona como sendo importantes na escolha de um candidato a líder de igreja. Essas qualidades incluem uma experiência pessoal com Jesus; ser uma testemunha da ressurreição; ser uma pessoa de boa reputação e ser cheio do Espírito, de sabedoria e de fé (veja Atos 1:21-26; 6:3-5; 11:24).

1. EXPERIÊNCIA PESSOAL COM JESUS

Uma experiência pessoal com Jesus é a primeira e principal qualificação esperada em um líder de igreja. Para preencher o vazio deixado pela tragédia de Judas, os discípulos estavam convencidos de que precisavam de uma pessoa que conhecesse o Senhor como “durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós’” (Atos 1:21).1 Teologia, cultura, erudição, administração, aparência pessoal e capacidade de persuasão eram habilidades que a igreja poderia ter usado em sua administração, mas nenhuma delas poderia substituir o conhecimento pessoal de Jesus, coração a coração, mente a mente, entre um e outro. A pessoa tinha que ser um companheiro de Jesus antes de se tornar um líder de Seu rebanho. Um líder em potencial deveria ter sido uma testemunha de Jesus “desde o batismo de João até o dia em que Ele foi arrebatado” (v. 22). Jesus como um todo. Nada menos.

Por “testemunha” entende-se não apenas sendo espectadores dos acontecimentos maravilhosos da vida e ministério de Jesus, mas ter uma identificação pessoal e sem reservas com aquele ministério e aquele chamado: no Jordão para iniciar um voto batismal de obediência ao Pai; em Nazaré, para proclamar liberdade aos pobres e oprimidos; em Caná para estender a mão a uma necessidade urgente; com Nicodemos para falar do novo nascimento; com a mulher no poço em Samaria para ajudar a derrubar os muros; com os leprosos, os cegos e os mortos para mostrar que Deus é o Deus da esperança e o Arauto da nova vida; no serviço da comunhão para cingir os lombos na servidão; no Getsêmani para descobrir o cálice da vontade de Deus; na cruz para testemunhar a reconciliação e a redenção; no túmulo vazio para proclamar o Senhor vivo; na Ascensão para aceitar uma missão global, para experimentar o poder do Sumo Sacerdote celestial e para aguardar a Segunda Vinda.

2. “TESTEMUNHA DA SUA RESSURREIÇÃO” (ATOS 1:22)

Essa é outra qualificação que a igreja deve buscar em sua liderança. A ressurreição não pode ser isolada da cruz. A Cruz vindica o plano redentor de Deus para o pecado, e a Ressurreição oferece a esperança de renovação. Não se pode ser cristão, muito menos um líder cristão, sem experimentar o poder da cruz e do túmulo vazio. Mesmo depois de passadas algumas semanas após o fim de semana da crucificação, os discípulos insistiam nessa afirmação do Senhor crucificado e ressurrecto como sendo essencial para o discipulado cristão. Testemunhar da ressurreição como o apóstolo Paulo escreveu mais tarde, é imperativo para se tornar um proclamador do evangelho (1 Coríntios 15:8-15).

Ser uma testemunha assim não significa apenas manter a veracidade teológica ou a certeza doutrinária. Inclui isso, mas exige mais ainda que os líderes cristãos caminhem com Jesus diariamente, conversem com Ele, roguem a Ele por si mesmos e pelos outros e experimentem o poder mediador do Sumo Sacerdote celestial. Os líderes cristãos não podem ser nada menos que isso.

3. “DE BOA REPUTAÇÃO” (ATOS 6:3-5)

A boa reputação é uma qualificação em que a igreja apostólica insistiu na escolha de seus líderes. Vemos isso na nomeação de diáconos para cuidar das necessidades rotineiras da igreja de Jerusalém (Atos 6:1-7) e na escolha de Barnabé (Atos 11:24, 25) para investigar os acontecimentos milagrosos em Antioquia, bem como para liderar a igreja lá estabelecida. Em ambos os casos, a igreja desejava manter sempre pessoas boas e dignas de confiança. As diretrizes para a seleção definiram a bondade de duas maneiras que a igreja hoje pode ignorar apenas por sua conta e risco. Primeiro, bondade significava “de boa reputação” como pessoas íntegras. Seu trabalho exigia o manejo de dinheiro: os diáconos de Jerusalém eram encarregados de cuidar dos necessitados (Atos 6:1-7); Barnabé e Paulo foram enviados para levar fundos de Antioquia para os pobres da Judéia (Atos 11:29-30). Os líderes não podem se dar ao luxo de serem descuidados com a sua própria integridade.

Em segundo lugar, a bondade exigia justiça — lidar com todos os segmentos da igreja em pé de igualdade, não reconhecendo nem raça nem etnia, nem gênero nem tribo, tanto em Jerusalém quanto em Antioquia. Barnabé era tão bom nesse aspecto que a igreja de Antioquia tenha sido talvez a primeira entidade corporativa a derrubar todos os muros de separação; como resultado, cresceu em grandes proporções; foi lá que nasceu o nome de cristãos (Atos 11:26). Na verdade, foi a igreja de Antioquia que lançou a primeira missão global da Igreja Cristã.

Quando temos líderes honestos e justos, amorosos e compassivos, “prudentes [na] administração e . . . piedosos [no] exemplo” (*), o crescimento da igreja pode cuidar de si mesmo.

4. “CHEIO DO ESPÍRITO SANTO E DE FÉ” (ATOS 6:3; 11:24)

Esses são outros elementos que a igreja primitiva buscou em sua liderança. Esses termos descrevem não um processo político, mas uma maturidade espiritual; não um desejo de poder, mas a submissão a um chamado superior; não uma disputa por posições na administração, mas a disposição de serem usados pelo Espírito como mediadores de Sua graça. Um líder cristão está disposto a ser guiado pelo Espírito ao longo do caminho e em cada bifurcação onde a estrada se divide. Um líder cristão espera de joelhos pela clareza quanto à tarefa e pelo poder para realizá-la. Um líder cristão tem a sabedoria necessária para distinguir entre o essencial e o periférico, entre as compulsões do Reino e as preocupações de si mesmo, entre as pessoas e as coisas. Um líder cristão está cheio de fé em Deus e no próximo, e manifesta a graça de perdoar, a habilidade para capacitar os outros e a generosidade de ser inclusivo.

John M. Fowler (MA, EdD, pela Andrews University, Michigan, EUA; MS, pela Syracuse University, Nova Iorque, EUA) é editor da Diálogo.

Citação Recomendada

John M. Fowler, "Você que ser um líder de igreja?," Diálogo 35:1 (2023): 3-4

Notas e referências

1. Ellen G. White, Atos dos Apóstolos(Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), 89.

https://dialogue.adventist.org/pt/3772/voce-que-ser-um-lider-de-igreja

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